Jornada pela Ciência e Educação destaca o erro de cortar recursos desses setores no Orçamento

Encontro virtual, promovido pela SBPC contou com a participação de cientistas, pesquisadores, professores, reitores e parlamentares defensores da ciência e da educação de todos os espectros políticos

A comunidade científica reiterou, no começo desta semana, sua preocupação com a possibilidade, que vem sendo ventilada pela imprensa e redes sociais, de cortes no já escasso orçamento federal para a Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) e Educação. O sentimento foi expresso com clareza durante a Jornada pela Ciência e Educação, uma série de eventos promovidos pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), com apoio de diversas entidades e sociedades científicas em atividades presenciais e online ao longo de toda a segunda-feira (25/11).

A Jornada teve início às 10h com o Ato Central, realizado pela SBPC. O evento contou com a participação de cientistas, pesquisadores, professores, reitores e parlamentares de todos os espectros políticos, defensores da ciência e da educação.

“Estamos muito preocupados com a campanha conduzida por um certo setor da sociedade, minoritário, mas com muito poder econômico, para que sejam feitos cortes nas principais políticas do governo”, afirmou na abertura do ato o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro.

Ele disse que a SBPC considera muito importante “poupar da voracidade da tesoura orçamentária” os auxílios aos mais pobres e vulneráveis, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o Bolsa Família, o Seguro Desemprego. “Porém, consideramos que ciência e educação são essenciais para o futuro do Brasil. Não podemos condenar à fome uma parte da população, mas também não podemos condenar ao atraso o nosso país. Daí importância de reunir várias forças vivas da comunidade nessa luta”, frisou Ribeiro.

O principal objetivo da Jornada foi defender o orçamento destinado à ciência e à educação – que está para ser anunciado pelo Governo Federal ainda esta semana -, buscando assegurar que os recursos para 2025 atendam às necessidades dessas áreas. O foco, conforme Janine Ribeiro, foi a sensibilização de parlamentares sobre o risco que representam os cortes de recursos federais para a sustentabilidade e o crescimento do Brasil, uma vez que as alterações orçamentárias passam pelo Legislativo. A SBPC vem se manifestado com veemência contra possíveis cortes orçamentários no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o FNDCT, principal fonte de recursos para o setor.

A cientista Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), reiterou que o objetivo dessas manifestações não é “pedir aumento de salário”, mas sim defender a criação de mais bolsas de pós-graduação, única forma de atrair os jovens cérebros para pesquisarem no país e viabilizar a permanência deles nas universidades. Em seu pronunciamento, a presidente da ABC trouxe dados que demonstram a incongruência de se cortar o orçamento em áreas tão estratégicas, quando esses recursos já são tão reduzidos e distantes do que aplicam países da dimensão do Brasil.

Segundo ela, o FNDCT receberá este ano R$ 12,7 bilhões, o equivalente aproximado de US$ 2 bilhões. “É nada!” frisou Nader. E alertou: “Isso é todo o recurso da ciência, mas, ainda desses recursos, somente 50% é que são os não-reembolsáveis, que é onde estão pensando em colocar uma retirada de 30%”. Ela lembrou que nos Estados Unidos são investidos mais de US$ 880 bilhões somente em CT&I.

No encerramento da Jornada, o presidente da SBPC declarou que as dimensões do Brasil, de seu Produto Interno Bruto (PIB) e a qualificação da comunidade científica brasileira tornam uma obrigação levar o país adiante. “Nós temos o dever, absoluto, moral, de fazer esse país render o quanto ele pode, um dever em relação ao Brasil, em relação ao nosso povo”, concluiu Janine Ribeiro.

A Jornada pela Ciência e Educação contou ainda com a presença online de presidentes de entidades representativas, como a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), entre outras, com destaque para personalidades e parlamentares. A sessão foi transmitida pelo canal da SBPC no Youtube e teve uma intensa ação nas redes sociais, com a utilização de hashtags, como #maisciencia, #maiseducação, #cienciaparaofuturo, #educaçãoparaofuturo, #ciênciasemcorte e #educaçãosemcorte.

Janes Rocha – Jornal da Ciência

G20: evento termina com compromissos climáticos e promessa de cooperação

Terminou, no Rio, o encontro de líderes do G20.

A foto oficial do G20 foi em frente a um painel, com uma paisagem que poucas cidades podem oferecer.

Em tempos de conflitos mundiais, a chamada “foto de família” é mais que um mero protocolo. A imagem, que simboliza o consenso entre os países, não era vista no G20 desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em 2022.

Nesta terça-feira ( 9)ainda havia um tema a ser discutido pelos chefes de Estado: as mudanças climáticas. Na abertura da reunião desta terça-feira, o presidente Lula pediu engajamento global para diminuir as emissões de gases que provocam o efeito estufa e cobrou dos países ricos que assumam o que chamou de “responsabilidades históricas” em relação ao clima.

“Não há mais tempo a perder. O G20 é responsável por 80% das emissões de gases do efeito estufa. Mesmo que não caminhemos na mesma velocidade, todos podemos dar um passo a mais. Aos membros desenvolvidos do G20, proponho que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais”, afirma Lula.

Lula lembrou que o Brasil se comprometeu a reduzir, até 2035, as emissões de gases em até 67% na comparação com 2005, e propôs a criação do Conselho de Mudanças no Clima nas Nações Unidas.

Ao repórter André Trigueiro, a ministra Marina Silva disse que as discussões do G20 influenciam diretamente a COP29, conferência do clima da ONU que acontece em Baku, no Azerbaijão.

“A COP29 que está acontecendo agora em Baku está de olho no que está sendo deliberado aqui pelas 20 economias que respondem por 80% dos recursos, 80% das emissões e 75% dos resíduos produzidos, o que eles vão mandar de mensagem para a negociação fundamental que está lá, que é sobre financiamento”, diz Marina Silva.

A declaração final do G20 foi considerada uma vitória da diplomacia brasileira, supou a resistência da Argentina, por não concordar com os pontos, e de países europeus, principalmente a França, que queria uma condenação mais firme à Rússia na guerra da Ucrânia.

Nesta terça-feira (19), o presidente francês Emmanuel Macron falou com o repórter Carlos de Lannoy e disse que está feliz porque sabe de todo o esforço feito pelo presidente Lula e suas equipes para ter uma declaração em comum.

Na agenda do presidente Lula ainda houve espaço para um almoço com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e reuniões bilaterais com os primeiros-ministros do Japão e do Reino Unido.

O embaixador Mauricio Lyrio é o sherpa brasileiro, nome dado a quem representa o governo nas negociações. Ele disse que o Brasil cumpriu os principais objetivos que tinha na presidência do G20.

“O G20, numa agenda mais intensa, passa a se concentrar em uma pauta que não é só econômica e estratégica, mas também uma agenda de desenvolvimento sustentável e social. Então, essa é a grande mensagem e o grande resultado da presidência brasileira no G20″, destaca.

Nesta terça-feira, o Brasil passou o bastão para a África do Sul, que vai sediar o G20 no próximo ano.

“A África do Sul poderá contar com o Brasil para exercer uma presidência que vá além do que pudemos realizar”, ressalta Lula.

À tarde, os chefes de Estado começaram a voltar para casa, levando com eles os compromissos assumidos no Rio.

Diretor Odir Dellagostin é eleito membro da Academia Mundial de Ciências (TWAS)

Um grupo seleto de 10 cientistas brasileiros tomará posse na Academia Mundial de Ciências em 2025.

A Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês) anunciou na quinta-feira (14), seus novos membros eleitos. Um dos 10 cientistas brasileiros eleitos é o diretor presidente da Fapergs, Odir Dellagostin. Ao todo serão 74 novos membros eleitos que tomarão posse a partir de 1º de janeiro de 2025.

Além de presidir a Fapergs, Odir também é presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP),  Também foram eleitos outros 9 cientistas brasileiros, são eles: Celia Regina Carlini (UFRGS); Milena Botelho Pereira Soares (Fiocruz); Paulo Saldiva (USP); Maria Valnice Boldrin Zanoni (Unesp); Francisco de Assis Tenório de Carvalho (UFPE); Ricardo Ivan Ferreira da Trindade (USP); Maria Aparecida Soares Ruas (USP); Antonio José Roque da Silva (CNPEM) e Marcelo Knobel (Unicamp).

Odir Dellagostin

Odir Dellagostin é presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). É formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) (1989), tem doutorado em Biologia Molecular pela University of Surrey – Inglaterra (1995) e pós-doutorado pela mesma Universidade (1997). É professor da UFPel desde 1997 e pesquisador nível 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desde 2007. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Tem experiência na área de Biologia Molecular, atuando principalmente no desenvolvimento de vacinas recombinantes. Já publicou mais de 250 artigos científicos. Orientou mais de 60 teses e dissertações. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPel, membro do Comitê Assessor de Veterinária do CNPq e coordenador da área de Biotecnologia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), integrando o Conselho Técnico-Científico da CAPES de 2014 a 2018. É também membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), do Conselho Deliberativo do CNPq e preside o Conselho de Administração do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

Sobre a TWAS

A Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento (TWAS) foi fundada em 1983 por um distinto grupo de cientistas dos países em desenvolvimento, sob a liderança de Abdus Salam, o físico paquistanês e ganhador do Nobel (1979). Os cientistas compartilhavam a crença de que as nações em desenvolvimento, ao construir força na ciência e engenharia, poderiam construir o conhecimento e a habilidade para enfrentar desafios como a fome, as doenças e a pobreza. 

Com a eleição dos novos membros a partir de 1º de janeiro de 2025, o número total de associados à TWAS passa a ser de 1.444 cientistas.

Acesse aqui a lista completa de novos membros da TWAS

Assessoria de Comunicação  CONFAP/FAPERGS

Conferência internacional reunirá especialistas no Rio de Janeiro para promover diálogo e colaboração em torno da integridade da informação

Com inscrições abertas e gratuitas, a 1ª Conferência Internacional de Integridade da Informação traz uma ampla programação com palestras e debates. Durante o evento, também serão realizados o 5o Encontro do International Center for Information Ethics – ICIE e o 1o Encontro da Rede Nacional de Combate à Desinformação – RNCD

A1a Conferência Internacional de Integridade da Informação acontecerá de 21 a 22 de novembro de 2024, em conjunto com o 5o Encontro do International Center for Information Ethics – ICIE e o 1o Encontro da Rede Nacional de Combate à Desinformação – RNCD. O evento combinado evidencia a junção de esforços de instituições que vêm combatendo fortemente as diversas formas de desinformação dentro e fora do país.

A Conferência busca promover diálogo e colaboração em torno da integridade da informação, a partir de olhares multidisciplinares para a ética da informação, a inteligência artificial e as humanidades digitais, o meio ambiente e a regulação das plataformas digitais para um ecossistema digital saudável. 

Entre os palestrantes confirmados estão José Medeiros da Silva, da Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, na China; Juan-Carlos Suárez, da Universidad de Sevilla, na Espanha; Philippe Léna, do Institut de Recherche Pour le Developpement – IRD, na França; Ariel Antonio Morán Reyes, da Universidade Nacional Autônoma do México; Samara Mariana de Castro, da Secretaria de Políticas Digitais da SECOM; Sérgio Amadeu da Silveira, da Universidade Federal do ABC; Bruna Martins, da Global Coalition for Tech Justice; José Edgard Rebouças, gerente de Projetos do Ministério da Saúde e Nina Santos, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INDD). 

Segundo o atual presidente do ICIE, Marco Schneider, que também é pesquisador do Ibict e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF, “a ação será um marco teórico, institucional e de boas práticas na luta contra as formas de desinformação”.

O evento será presencial e gratuito, no Auditório Ministro João Alberto Lins de Barros, localizado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) – Rua Lauro Müller, 455, térreo, Botafogo, Rio de Janeiro.

A realização é do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – Ibict, do International Center for Information Ethics – ICIE e da Rede Nacional de Combate à Desinformação – RNCD, e conta com patrocínio do CNPq e Faperj, além do apoio da Rede de Estudos da Ciência da Informação sobre Desinformação – Recides, da Rede Coinfo, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Para fazer a inscrição e conferir a programação completa, acesse o site: https://icie.ibict.br/encontro

As vagas são limitadas e haverá emissão de certificado.  Alguns palestrantes participarão online.

Serviço:

Eventos: 1a Conferência Internacional de Integridade da Informação, 5o Encontro do ICIE e 1o Encontro da RNCD.

Data: 21 e 22 de novembro de 2024

Horário: Horário: das 10h às 20h (dia 21) e das 9h às 20h (dia 22)

Local: Auditório Ministro João Alberto Lins de Barros (CBPF) – Rua Lauro Müller, 455 – térreo, Botafogo – Rio de Janeiro

Organização e Realização: IBICT, RNCD e ICIE

Patrocínio:  FAPERJ e CNPQ

Apoio: ECO-UFRJ, RECIDES, Rede COINFO e CBPF

Produção: Burburinho Cultural

Não podemos recuar no fomento à Ciência Brasileira!

As nove entidades que compõem a Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento Brasileiro – ICTP.Br, representando grande parte da comunidade acadêmica e científica do país, demonstram preocupação com a possibilidade de o Governo Federal tomar decisões tão criticadas na gestão anterior, retomando estratégias que levem ao esvaziamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT.

Conforme amplamente divulgado pela grande imprensa, o compromisso com o novo arcabouço fiscal ameaça flexibilizar os repasses financeiros ao FNDCT. É importante ressaltar que as principais fontes do FNDCT não são tributárias, mas sim contribuições de segmentos econômicos do país. Desta forma, seus recursos quase não impactam nas necessidades de cumprimento do arcabouço fiscal. Caso a proposta do Governo prospere, estará utilizando, de maneira inapropriada, o FNDCT para fazer caixa.

A comunidade acadêmica e científica já enfrentou essa situação e mobilizou-se ativamente para revertê-la no governo anterior. O presidente Luís Inácio Lula da Silva tomou posse com o compromisso de manter o FNDCT descontingenciado, conforme prescreve a Lei Complementar nº 177 de 2021, e tem cumprido sua palavra até o momento. Essa atitude é responsável pela retomada, gradual, dos investimentos nas Instituições de Ciência e Tecnologia no país e em programas estratégicos, apesar das enormes dificuldades orçamentárias enfrentadas pelo MEC, MCTI, CNPq e Capes.

Não podemos aceitar, mais uma vez, que uma visão meramente fiscalista prevaleça nas decisões governamentais do momento. Além disso, o Brasil não pode mais ficar refém de uma visão estreita e mesquinha que o mantém subjugado na dinâmica econômica internacional, marcada pela alta competitividade, desenvolvimento científico e avanços em tecnologia. Temos uma estratégia de reindustrialização à frente; como podemos colocá-la em prática sem mais investimentos em ciência, tecnologia e inovação?

Por essas razões, conclamamos a sociedade em geral, nossa comunidade acadêmica e científica, a imprensa e os segmentos produtivos que se beneficiam do conhecimento, pesquisa e desenvolvimento, a mobilizarem-se em favor do fomento à ciência brasileira, como já se manifestaram a ABC e a SBPC. Acreditamos que o Sr. Presidente Lula não avalizará tamanha incoerência em relação a seus compromissos com nossa comunidade.

Brasil, 4 de novembro de 2024.

Academia Brasileira de Ciências (ABC); Associação Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais e Municipais (Abruem); Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap); Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies); Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif); Conselho Nacional dos Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti); Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas & Sustentáveis (Ibrachics); Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).