Terminou, no Rio, o encontro de líderes do G20.
A foto oficial do G20 foi em frente a um painel, com uma paisagem que poucas cidades podem oferecer.
Em tempos de conflitos mundiais, a chamada “foto de família” é mais que um mero protocolo. A imagem, que simboliza o consenso entre os países, não era vista no G20 desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em 2022.
Nesta terça-feira ( 9)ainda havia um tema a ser discutido pelos chefes de Estado: as mudanças climáticas. Na abertura da reunião desta terça-feira, o presidente Lula pediu engajamento global para diminuir as emissões de gases que provocam o efeito estufa e cobrou dos países ricos que assumam o que chamou de “responsabilidades históricas” em relação ao clima.
“Não há mais tempo a perder. O G20 é responsável por 80% das emissões de gases do efeito estufa. Mesmo que não caminhemos na mesma velocidade, todos podemos dar um passo a mais. Aos membros desenvolvidos do G20, proponho que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais”, afirma Lula.
Lula lembrou que o Brasil se comprometeu a reduzir, até 2035, as emissões de gases em até 67% na comparação com 2005, e propôs a criação do Conselho de Mudanças no Clima nas Nações Unidas.
Ao repórter André Trigueiro, a ministra Marina Silva disse que as discussões do G20 influenciam diretamente a COP29, conferência do clima da ONU que acontece em Baku, no Azerbaijão.
“A COP29 que está acontecendo agora em Baku está de olho no que está sendo deliberado aqui pelas 20 economias que respondem por 80% dos recursos, 80% das emissões e 75% dos resíduos produzidos, o que eles vão mandar de mensagem para a negociação fundamental que está lá, que é sobre financiamento”, diz Marina Silva.
A declaração final do G20 foi considerada uma vitória da diplomacia brasileira, supou a resistência da Argentina, por não concordar com os pontos, e de países europeus, principalmente a França, que queria uma condenação mais firme à Rússia na guerra da Ucrânia.
Nesta terça-feira (19), o presidente francês Emmanuel Macron falou com o repórter Carlos de Lannoy e disse que está feliz porque sabe de todo o esforço feito pelo presidente Lula e suas equipes para ter uma declaração em comum.
Na agenda do presidente Lula ainda houve espaço para um almoço com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e reuniões bilaterais com os primeiros-ministros do Japão e do Reino Unido.
O embaixador Mauricio Lyrio é o sherpa brasileiro, nome dado a quem representa o governo nas negociações. Ele disse que o Brasil cumpriu os principais objetivos que tinha na presidência do G20.
“O G20, numa agenda mais intensa, passa a se concentrar em uma pauta que não é só econômica e estratégica, mas também uma agenda de desenvolvimento sustentável e social. Então, essa é a grande mensagem e o grande resultado da presidência brasileira no G20″, destaca.
Nesta terça-feira, o Brasil passou o bastão para a África do Sul, que vai sediar o G20 no próximo ano.
“A África do Sul poderá contar com o Brasil para exercer uma presidência que vá além do que pudemos realizar”, ressalta Lula.
À tarde, os chefes de Estado começaram a voltar para casa, levando com eles os compromissos assumidos no Rio.