“Não há como tocar um país sem conhecer a Ciência”, diz ex-ministro da Educação e presidente da SBPC

Filósofo e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro ressaltou a importância da ciência e do conhecimento científico para um eficiente combate à pandemia. Para o professor, o governo federal não liderou o país corretamente, já que, por muitas vezes, alinhou as medidas a serem tomadas com discursos ideológicos do grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

“Não há como você tocar um país hoje sem conhecer a ciência. Vale para a sociologia também. Como você pode governar a sociedade em a ciência da sociedade. Ou cuidar de uma cidade sem conhecer de urbanismo. As cidades estão sendo devastadas por políticas urbanas erradas. Nós estamos em uma crise hídrica. Os cientistas foram ouvidos sobre isso, a segunda crise hídrica em pouco mais de cinco anos?”, analisou em entrevista ao Ponto a Ponto, programa da jornalista Mônica Bergamo e o cientista político Antônio Lavareda no BandNews TV desta quarta-feira (28). Veja a íntegra abaixo:

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“Não há tocar um país sem conhecer a ciência”, diz ex-ministro da Educação

Professor e filósofo Renato Janine Ribeiro falou da falta de investimento do governo no setor em entrevista ao BandNews TV

Da Redação, com Bandnews TV28/07/2021 • 23:36 – Atualizado em 28/07/2021 • 23:39

Renato Janine Ribeiro é Filósofo e ex-ministro da Educação
Renato Janine Ribeiro é Filósofo e ex-ministro da EducaçãoReprodução TV

Filósofo e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro ressaltou a importância da ciência e do conhecimento científico para um eficiente combate à pandemia. Para o professor, o governo federal não liderou o país corretamente, já que, por muitas vezes, alinhou as medidas a serem tomadas com discursos ideológicos do grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

“Não há como você tocar um país hoje sem conhecer a ciência. Vale para a sociologia também. Como você pode governar a sociedade em a ciência da sociedade. Ou cuidar de uma cidade sem conhecer de urbanismo. As cidades estão sendo devastadas por políticas urbanas erradas. Nós estamos em uma crise hídrica. Os cientistas foram ouvidos sobre isso, a segunda crise hídrica em pouco mais de cinco anos?”, analisou em entrevista ao Ponto a Ponto, programa da jornalista Mônica Bergamo e o cientista político Antônio Lavareda no BandNews TV desta quarta-feira (28). Veja a íntegra!

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Janine ainda pontua que o discurso negacionista em relação às vacinas, formas de tratamento e medidas de distanciamento social não foram endossados pela comunidade científica, mas por pensamentos individualistas da minoria de médicos.

Atual presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o ex-ministro avaliou que o atual governo, entre outras coisas, não exerceu o papel de liderança devido na saúde e na educação para amparar os cidadãos na crise sanitária, e que o País não tem investido na ciência como deveria. Ele lembra que, ao lado da África do Sul, o Brasil é o único dos países dos BRICS a não ter uma vacina contra covid-19 desenvolvida nacionalmente, o que eliminaria a necessidade de depender de outros países para o combate ao vírus.

“Brasil poderia estar neste patamar. Tem cientistas qualificados, tem laboratórios bons. Nós podíamos ter gerado também uma vacina contra a Covid”, disse o professor, lembrando que o País é o 11º em produção científica no mundo.

“O desastre é clamoroso, é falta de liderança. Um governo comprometido com o Brasil teria agido de outra maneira”, completou.

Outro indício da negligência do governo brasileiro em relação ao fomento científico, para Janine, é evidenciado no problema com o supercomputador Tupã, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O professor cita que a tecnologia, usada para estudos e previsões climáticas, além de avaliar a estiagem, pode ser desligada por falta de verbas – houve um corte no orçamento de 18% para o instituto.

Tecnologia 5G no Brasil

O ex-ministro rechaça o discurso de apoiadores do governo sobre a tecnologia 5G, que aumentará a velocidade de transmissão de dados móveis em celulares, sobre evitar a concessão do serviço no Brasil para empresas chinesas, alegando “espionagem”.

“O importante para o Brasil é escolher o melhor produto, nas melhores condições. Será o chinês, será o ocidental, isso deve ser escolhido em função dos interesses do Brasil. A gente ouve muito que o 5G chinês poderia ter espionagem. Na verdade, nós já somos espionados, o tempo todo pelas redes sociais”, pontuou.

“Temos que pensar no interesse nacional e fazer o que pudermos para nos proteger disso [espionagem], mas não deixar o desenvolvimento econômico ser encravado e não cair no discurso fácil de um espião falando mal de outro espião”, afirmou, lembrando do esquema do programa Pégasus – desenvolvido por uma empresa israelense de cibersegurança e que ajudou a espionar membros de governos de diversos países.

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