Brasil lidera novas nomeações para Academia Mundial de Ciências

Dos 74 pesquisadores eleitos para a Academia em 2025, Brasil e China se destacam com dez nomeações cada. Três dos novos membros são de universidades federais, vinculadas ao Ministério da Educação (MEC).

O ano de 2025 começa com o Brasil se destacando ao conquistar dez novas nomeações para a Academia Mundial de Ciências (The World Academy of Sciences – TWAS), empatando com a China no número de pesquisadores eleitos. Ao todo, 74 cientistas foram admitidos na Academia, reforçando o papel do país no cenário científico global. Desses dez novos membros, três são professores de universidades federais vinculadas ao Ministério da Educação (MEC), o que destaca o fortalecimento da pesquisa e da inovação nas instituições públicas brasileiras. 

As instituições vinculadas ao MEC são representadas pelos docentes Célia Carlini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Francisco Tenório, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e Odir Dellagostin, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Além deles, foram nomeados Paulo Saldiva, Maria Aparecida Ruas e Ricardo Trindade, da Universidade de São Paulo (USP); Milena Botelho, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde; Maria Zanoni, da Universidade Estadual Paulista (Unesp); Antonio Roque, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), órgão supervisionado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); e Marcelo Knobel, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que também foi nomeado diretor-executivo da Academia. Todos são membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

Entre os novos integrantes da TWAS, 83% são do Sul Global. Os países representados são: Brasil (dez), China (dez), Índia (nove), Malásia (sete), África do Sul (quatro), Marrocos (três), Paquistão (três), Bangladesh (três), Cuba (dois), Egito (dois), Vietnã (dois), Alemanha (dois), Estados Unidos (dois), Canadá (um), República Islâmica do Irã (um), Jordânia (um), Nigéria (um), Argélia (um), Filipinas (um), Catar (um), Arábia Saudita (um), Emirados Árabes Unidos (um), Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (um), Guiana (um), Uzbequistão (um), Madagascar (um), Nepal (um) e Bolívia (um).  

Com a chegada dos novos acadêmicos, a TWAS passa a ter 1.444 integrantes, sendo 159 brasileiros (11%). 

TWAS – A Academia Mundial de Ciências foi fundada em 1983, na Itália, por um grupo de cientistas do mundo em desenvolvimento (inclusive brasileiros), sob a liderança de Abdus Salam, ganhador do Nobel. Associada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a TWAS é uma das mais importantes redes globais de cientistas e organizações que trabalham para promover a ciência no mundo em desenvolvimento, bem como para apoiar a prosperidade sustentável, por meio de pesquisa, educação, política e diplomacia. A organização tem membros de mais de cem países, sendo a grande maioria proveniente de nações em desenvolvimento. Os demais são cientistas e engenheiros de países desenvolvidos cujos trabalhos tiveram um impacto significativo no mundo em desenvolvimento. 

Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações da Secretaria de Educação Superior (Sesu), da ABC e da TWAS 

O que coloca as univerdades brasileiras em desvantagem nos rankings internacionais?

A Folha de São Paulo trouxe uma reportagem abordando sobre como as universidades e outras instituições públicas de Ensino Superior no Brasil frequentemente são criticadas por não alcançarem posições mais altas nos rankings internacionais de Educação. Essa diferença de desempenho é vista por alguns como uma justificativa para questionar a eficiência das universidades públicas brasileiras. Contudo, essa é mais uma ideia equivocada que não contribui de maneira alguma para o avanço da Educação no país.

Entre as 100 primeiras universidades do mundo, o Brasil ocupa com a Universidade de São Paulo (USP) a 86ª posição no ranking da editora inglesa Quacquarelli Symonds.

A Folha de São Paulo divulgou uma tabela que explica a performance do Brasil diante dos critérios internacionais adotados, que acabam prejudicando as colocações das nossas universidades.

Para exemplificar, tem a não utilização dos valores absolutos dos PIB’s e tamanhos das populações em idades educacionais.

Neste ranqueamento de 100, 82 instituições pertencem às nações desenvolvidas integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): Alemanha, Austrália,  Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Holanda, Irlanda, Japão, Nova Zelândia, Reino Unido, Suécia e Suíça.

Há de se observar que muitas das universidades brasileiras dispõem de hospitais, fazendas, teatros, etc., que exigem maiores recursos financeiros para atender às especificidades de ensino, pesquisa e extensão.

Há um risco ao se utilizar do ranking internacional como um mito para disseminar um pensamento de que o Brasil deva pertencer a essa elite, já que enfrenta realidades tão distintas.

Comparativamente, o Brasil aplica U$ 174 por habitante em Ciência e Tecnologia, ao passo em que os 14 países elencados da OCDE aplicam, em média, U$1.418 por habitante. Há muitos desafios a serem enfrentados e o posicionamento no referido ranking não pode ofuscar a necessidade de incentivos e investimentos dirigidos às universidades brasileiras.

Fonte: Folha de São Paulo