OUÇAM A CIÊNCIA NO G20

Leia artigo de opinião da presidente da ABC, Helena Nader, publicado em O Globo em 22/7:

Tem ciência no G20. Com independência e responsabilidade, representantes das academias de ciências dos países do bloco trabalharam para chegar a consensos, respeitando as diversidades de um grupo heterogêneo. O comunicado final — norteado pelos temas inteligência artificial, bioeconomia, transição energética, desafios da saúde e justiça social — reforça o compromisso de transformar o mundo pela ciência.

Nos últimos anos, por causa da pandemia, boa parte do mundo entendeu a importância de ouvir a ciência. Agora, outros alertas têm sido feitos sobre o risco de novas emergências — não apenas na saúde, mas também ambientais, econômicas e sociais.

O comunicado final do Science20 (S20), dirigido a chefes de Estado e governo, sublinha esses alertas. Com a revolução em curso gerada pela inteligência artificial, cientistas do G20 deixaram claro em suas recomendações a necessidade urgente de regulamentar o tema e adotar medidas de proteção a trabalhadores e valores humanos, sem frear a inovação.

(…)

Em meio às mudanças climáticas, é simbólico que cientistas das maiores economias do mundo, inclusive algumas que têm no petróleo sua força econômica, reconheçam em seus alertas que é preciso aumentar o uso de fontes de energia com baixas emissões de carbono. É expressivo também que abordem novas alternativas energéticas.

A diplomacia exige consensos; a ciência, rigor. Ao unir as duas vertentes, o S20 avança definindo critérios para a bioeconomia e promovendo a participação das comunidades indígenas e tradicionais na tomada de decisões. Propõe ainda cooperação internacional e multilateral, chance única de alavancar a bioeconomia e atingir um desenvolvimento sustentável.

(…)

Infelizmente, não existe fórmula mágica. Mas há um consenso: é preciso um olhar atento para a ciência — e desta, para a sociedade.

É o reconhecimento de que, sem ciência, não há justiça social. Ao reunir a comunidade científica, o S20 converte essa visão em propostas que podem fazer diferença não só para o G20, mas para todo o mundo. Cabe ao Brasil, agora, incorporá-las a seu rol de recomendações finais.

Nos últimos anos, boa parte do mundo entendeu a importância de ouvir a ciência. Que os líderes do G20 reforcem essa máxima.

Leia a matéria na íntegra no site de O Globo.

Reunião Anual da SBPC encerra neste sábado, em Belém, e destaca-se como a maior de todos os tempos

Balanço preliminar da organização do evento aponta que foram mais de 60 mil pessoas circulando e participndo de todas as atividades no campus

Após uma semana de programação científica, debates, arte, cultura e exaltação dos saberes tradicionais, a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), encerrou, neste sábado (13), com o “Dia da Família na Ciência”. O balanço preliminar da organização do evento aponta que foram cerca de 60 mil pessoas circulando e participando de todas as atividades no campus, que iniciaram na segunda-feira (8) – com abertura oficial ainda no domingo (7), no Teatro da Paz.

A exemplo dos dias anteriores, a UFPA ficou tomada de pessoas de todas as idades e formações para prestigiar o último dia do evento, que encerrou às 17h deste sábado. Foi ultima oportunidade de aproveitar e explorar as seis tendas organizadas nesta edição: Expot&c, SBPC Jovem, SBPC Afro e Indígena, Paneiro-Espaço de Cultura Alimentar, SBPC Cultural e Feira da Economia Solidária e da Diversidade. 

O dia começou com apresentação do Cordão de Pássaros Colibri, de Outeiro, trazendo alegria ao palco da tenda da SBPC Jovem com seus integrantes. “Para a gente é um grande orgulho estar aqui dentro da Universidade participando de um evento como esse. O Pássaro também é ciência. É a ciência da cultura. Tanto que não faltam, aqui na Universidade, pesquisas sobre os nossos Pássaros. Essa é uma valorização muito importante”, defendeu a mestra do Pássaro Colibri, Laurene Ataíde. 

Após a apresentação, os brincantes se juntaram ao público e saíram em cortejo pelo campus Guamá. “Consegui aproveitar o último dia para trazer minha filha que estava querendo muito vir participar. Mas a programação nem é só pra ela. É uma festa completa. Tem muita ciência e muita cultura também. Me senti representada”, declarou a funcionária pública, Solange Couto, mão de Ana Júlia, 12 anos. “Eu gostei muito. Tem muita diversão e ajuda a gente a pensar no futuro”, disse a menina. 

Balanço preliminar 

“Foi a maior e melhor Reunião Anual da SBPC de todos os tempos”.  A declaração é do presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, feita durante sessão solene de encerramento do evento no auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes. A afirmação resume os números ainda preliminares da edição que registrou 27.500 inscritos; recebeu a visita de mais de 15 mil crianças e jovens de escolas da cidade e toda a região e ofereceu, ao todo, 280 atividades científicas apresentadas por mais de 700 especialistas e autoridades, segundo a Secretária Geral da SBPC, Cláudia Linhares Sales.

Segundo dados preliminares levantados pela Comissão Executiva Local, da UFPA, somente na Tenda da SBPC Jovem, a estimativa diária de público foi de 15 mil visitantes, no período de 8 a 11 de julho, o que totaliza 60 mil visitantes estimados apenas em quatro dias. Tendo como público focal estudantes e professores da educação básica, a SBPC Jovem reuniu 1.500 expositores divididos em mais de 70 estandes e em três grupos principais: Parceiros históricos; Parceiros da SBPC Jovem 2024; e Projetos da UFPA. 

Na tenda voltada exclusivamente para crianças com até 5 anos, a Infâncias Mairi na SBPC, novidade da edição e fruto de uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a Fundação Escola Bosque, 1.045 pequenos e pequenas, considerando o período de 8 a 11 de julho, participaram de pelo menos uma das quatro oficinas. Entre as atividades que foram oferecidas: “Usina de pigmentos naturais”; “A transformação da argila”; “Brinquedos de equilíbrios e ventos” e a “Química das bolhas de sabão”. 

Já na Tenda Cultural, no campus do Guamá, a estimativa de visitantes foi de 5 mil pessoas por dia, acompanhando pelo menos uma das 75 atividades culturais realizadas entre os dias 8 e 12 de julho. Algumas programações da SBPC Cultural também foram realizadas no Theatro da Paz, 5 espetáculos, que receberam uma média de público de 500 pessoas por noite. No sábado (13), fechando a programação da SBPC Cultural no espaço, foi apresentado, às 20h, o espetáculo “Verde Ver o Peso” com lotação máxima da casa. 

Apoiadores

A 76ª Reunião Anual foi uma realização da UFPA e da SBPC, que teve como sócios institucionais a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM). Os patrocinadores foram a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A edição deste ano teve como parceiros institucionais a Universidade do Estado do Pará (Uepa), o Instituto Federal do Pará (IFPA), a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).

E ainda, a programação contou com o apoio da Prefeitura de Belém, da Secretaria Municipal de Educação (Semec), da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Educação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Ministério de Desenvolvimento Social.

Ciência & Cultura celebra 75 anos com live nesta terça-feira

Uma revista para falar sobre ciência, cultura e suas inúmeras conexões com nossas vidas. Essa é a Ciência & Cultura, revista de divulgação científica da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que completa 75 anos de atividade. Para comemorar essa data tão especial, a SBPC realizará uma live no dia 04 de junho, às 17h30, com transmissão pelo canal do YouTube da entidade.

live discutirá os grandes temas científicos da atualidade e a importância da divulgação científica. Participarão do evento Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; Carlos Vogt, ex-reitor da Unicamp e diretor-presidente da Fundação Conrado Wessel; Ruben George Oliven, professor do programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRGS e vice-presidente (Região Sul) da Academia Brasileira de Ciências (ABC); Vanderlan Bolzani, professora do Instituto de Química da Unesp; José Galizia Tundisi, professor do Instituto de Estudos Avançados da USP e presidente da Associação Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental (IIEGA); Ima Vieira, pesquisadora titular do Museu Paraense Emílio Goeldi e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); e Fernanda Antonia da Fonseca Sobral, professora emérita do Instituto de Ciências Sociais da UnB e diretora da SBPC.

Um marco da divulgação científica no Brasil

Criada em 1949 — poucos meses após a fundação da SBPC — a revista é o mais antigo veículo de divulgação científica em circulação no Brasil. Ela nasceu visando a difundir o conhecimento científico e promover uma aproximação entre cientistas e o público, com o objetivo de ser “aberta não apenas a cientistas, mas a todos os que se interessem pela ciência, por suas aplicações e pelas consequências destas”, conforme se lê na contracapa de sua primeira edição.

Nesses 75 anos, já foram publicadas 466 edições. E suas páginas já divulgaram textos de grandes nomes da ciência nacional e mundial, como Albert Einstein, Robert Oppenheimer, Carolina Bori e Johanna Döbereiner.

A publicação passou por fases diversas, mas sua missão sempre foi a de informar a comunidade científica sobre questões importantes para a ciência no Brasil. Contribuiu, e contribui até hoje, para o debate de grandes temas científicos e culturais da atualidade, atraindo a atenção das novas gerações de pesquisadores e oferecendo conteúdos para uma reflexão sobre tais temas.

De publicação trimestral, a revista apresenta, a cada edição, um tema a ser abordado do ponto de vista da ciência, da cultura, da arte e da filosofia. Todos os meses, um novo capítulo é publicado, trazendo novos artigos, ensaios, reportagens jornalísticas, textos de opinião, vídeos, podcasts e muito mais.

Acesse gratuitamente a revista Ciência & Cultura neste link e participe desta celebração!

Ciência & Cultura

Fonte: Jornal da Ciência

ICTP.br comemora 5 anos

A Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.Br) comemora 5 anos neste 8 de maio de 2024, uma data muito especial que marca lutas pelo desenvolvimento do país. De sua criação até aqui, esse coletivo de entidades trabalhou muito durante o período mais obscuro para o desenvolvimento científico e tecnológico, quando os cortes e bloqueios orçamentários eram práticas. Vencemos muitas pautas no Parlamento brasileiro, com o especial apoio de congressistas que apoiam a ciência e educação, a imprensa livre, organizações sociais e representantes de segmentos econômicos do país. Nos manifestamos, sem medos e receios, contra medidas que afetavam a ciência, tecnologia, inovação e educação no país, como também defendemos a pauta da cultura, meio ambiente e justiça social. Ou seja, é meia década de um trabalho cooperativo e reconhecido pela sociedade brasileira.

Criada em 2019, a ICTP.Br atua como um instrumento de pesquisa e ação da comunidade de C&T, interagindo com parlamentares, contribuindo e influenciando nas tomadas de decisões legislativas.

São 5 anos de muitos desafios junto às  entidades que a compõem. Portanto, nossos agradecimentos a elas: Academia Brasileira de Ciências (ABC); Associação Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais e Municipais (Abruem); Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap); Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies); Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif); Conselho Nacional dos Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti); Instituto Brasileiro de Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas & Sustentáveis (Ibrachics); Sociedade Brasileira para o Progresso  da Ciência (SBPC).

Indústria e Universidade: seminário na Finep sobre Neoindustrialização discute relação inerente ao ecossistema de inovação

Na terça-feira, 20/1, houve mais uma edição da série de seminários “Neoindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas”, coordenada por Fernando Peregrino, chefe de Gabinete da Finep, e que ajudará a embasar a próxima Conferência Nacional de CT&I, em junho. Os temas estão na pauta da Nova Política Industrial, lançada no dia 22/1 pelo presidente Lula, e que envolve cerca de R$ 300 bi, a participação de 21 ministérios, e uma nova relação entre governo e setor produtivo. A Finep participa com R$ 41 bi. Veja fotos do evento aqui.

Verena Barros (secretária-executiva do CNDI), falou remotamente – na abertura do evento – sobre a importância da Nova Política Industrial e como a relação entre conhecimento e setor produtivo precisa ser fomentada. O tema da mesa da manhã envolvia a relação entre universidade e indústria. “Aplicar o conhecimento de universidades no setor industrial é o caminho para que a inovação modifique a vida das pessoas”, destacou, sendo corroborada por Paulo Foina, da ABIPTI – um dos apoiadores do evento – que também cumprimentou os presentes de modo remoto. Anderson Gomes, coordenador-adjunto da V CNCTI e Pedro Rizzo (CGEE) complementaram as falas iniciais sobre “a urgência de aproximar conhecimento e a produção econômica”.

Componentes efetivos da mesa (real ou virtualmente), Celso Pansera, (presidente da Finep), Dácio Matheus (UFABC), Denise Pires (MEC), Mauricio Guedes (SEDEICS/RJ), Marcela Flores (ANPEI), Antonio Fernando (CONFIES), Fabio Guedes (FAPEAL) e Marcio Girão (Clube de Engenharia) se debruçaram sobre o tema – dito “prioritário” por Peregrino.

Pansera destacou que houve R$ 12 bi de demanda no ano passado, destacando o caminho vigoroso que a Finep tem pela frente, e que a empresa segue como o ponto de conexão entre Academia e setor privado. “Este tema é determinante para a vida dos nossos jovens. Há um descompasso entre o que se faz na universidade e a vida real, a inovação propriamente dia. Precisamos estar atentos”, alertou.

Presidente da Capes, Denise Pires afirmou que o Brasil tem “número muito baixo” de pessoas graduadas, mas o número de doutores é ainda menor – “cinco vezes menos que a média da OCDE”. Para ela, a correção desse quadro é ululante.

“Não há país que se desenvolva sem gente na universidade e mais: a universidade inserida nos ecossistemas de inovação”, disse, complementando que a famosa tripla hélice (urgente parceria de academia, setor produtivo e governo na produção de inovação) já pode ser pensada como quíntupla, envolvendo questões sociais e ambientais. “Estamos entre os 15 maiores produtores de artigos, mas falta que este valor gere impacto na vida das pessoas”.

Marcela Flores, líder da ANPEI, destacou que 20% do PIB brasileiro estão representados entre os associados. “Apesar de muito a percorrer, há avanços: contratos de transferência de tecnologia no Brasil eram de R$ 315 milhões em 2015. Em 2020, estavam em R$ 2,5 bi. Além disso, somos o país que mais investe em P&D na América Latina e Caribe”.

Por outro lado, a colaboração em pesquisas entre universidades e empresas, “é um show de horror”, qualificou. Em dez anos, o Brasil piorou em cerca de duas vezes a sua posição comparada a outros países. Alinhamento em nível nacional, estadual e municipal nas políticas de CT&I foi destacado como algo fundamental, assim como a compreensão, por parte dessas esferas, do Marco Legal de Inovação. “Obviamente, a desburocratização não pode ser esquecida e a sanha por parcerias e cooperação”, finalizou.

Dácio Matheus, reitor da UFABC, destacou o que classificou como “pontapé” da lógica da necessária visão acadêmica atual – ensino, pesquisa, extensão, inovação e internacionalização. “Em nossa estrutura de pós-graduação, o tema da inovação já é presente”, com mestrado e doutorado acadêmico industrial.

Para ele, é imperativa a vinculação da pesquisa em universidade com uma política de fomento orientada por missões, “não como mera ida do pesquisador a um balcão”. E completou: “a universidade e seu funcionamento como ambiente de insumo ao sistema de inovação precisa ter o estímulo proveniente das agências de modo estruturado”.

Marcio Girão, presidente do Clube de Engenharia e executivo da Finep, falou da engenharia e seu papel integrador na indústria. “Urge maior integração da ABC e da Academia Nacional de Engenharia, trazendo de volta o protagonismo da engenharia via suas associações”.

Girão destacou ainda que rotas tecnológicas precisam de estímulo no Brasil. “A ciência sem engenheira não gera inovação, logo não a transforma em riqueza”.

Antonio Fernando, do CONFIES, ressaltou que ciência e sociedade se encontram na universidade. Corroborando Girão, afirmou que as engenharias lideram o ranking de produção científica, o que sinaliza o impacto natural em qualquer ecossistema de inovação bem estruturado. “Não podemos nos esquecer que 90% da produção tem a ver com universidades públicas”.

Para ele, Fundações de Apoio são catalisadoras para que universidades encontrem espaço para transformar conhecimento científico em inovações propriamente ditas. “Neste processo ligado à Neoindustrialização, olhemos para a importância das Fundações”.

Mauricio Guedes (SEDEICS/RJ) lembrou as premissas da nova política industrial – incremento e exportação de produtos qualificados – e sinalizou que ela não pode estar desvinculada do conhecimento científico. “Nossa quantidade de pesquisadores por milhão de habitantes (700). É muito baixa”.

E completou: “lugar de pesquisador precisa ser na empresa, e os nossos estão apenas nas universidades. A cultura precisa mudar, não podemos formar apenas professores, mas pesquisadores que apliquem na prática o conhecimento produzido”.

No ranking dos 30 maiores depositantes de patentes do Brasil, 22 são universidades. No ranking dos EUA (com 100 instituições), há apenas uma universidade. “O ambiente acadêmico precisa perder o medo de ser feliz, ou seja, se relacionar diretamente com a indústria”, concluiu.

Fábio Guedes, da FAPEAL, disse que, depois da pandemia de COVID-19, a economia industrial é urgente. “Qual a universidade necessária na Neoindustrialização?”, questionou. “Nossa universidade, como disse Mauricio Guedes, precisa ser feliz. Os eixos universitários remontam 40 anos atrás e precisam estar conectados com as demandas atuais”.

Fim das trevas

A ciência voltou a ser importante no Brasil, comemora a pesquisadora Helena Nader.
A cientista defende um pacto entre governo, empresários e universidades para elevar o nível da pesquisa no País – Imagem: Cristina Lacerda e Luara Baggi/MCTI

Presidente da Academia Brasileira de Ciência, Helena Nader faz um balanço positivo do primeiro ano de governo Lula. A cientista e professora afirma, porém, que a recomposição dos investimentos nos últimos 12 meses é insuficiente e sugere maior entre os poderes da República, o setor privado e a comunidade científica. O objetivo? Equiparar o Brasil às nações desenvolvidas na busca por soluções tecnológicas avançadas Prestes a ser anfitriã do encontro do S-20, grupo que reúne as academias de ciências dos países do G-20, Nader fala do papel do brasileiro na comunidade científica internacional e das nossas potencialidades.

Em 2022, a produção científica brasileira caiu. Após quatro anos de desmonte, era um resultado esperado?
Helena Nader: É o efeito daquilo que experimentamos nos últimos anos. Consequência não só da falta de investimento, mas do bombardeio à ciência e da falta de postura ética em relação aos jovens que gostam de ciência e viriam para essa área. A descrença, as fake news, tudo em conjunto levou a essa queda, a maior entre todos os países avaliados e só equiparada àquela da Ucrânia, que está em guerra.

Qual o balanço do primeiro ano do governo Lula?
HN: Poderia ter feito mais, sim. Mas o fato de a comunidade científica ter com quem dialogar de uma forma mais transparente e a valorização do jovem com a correção das bolsas são um sinal de que a ciência é novamente importante para o Brasil. As diversas bolsas estavam sem aumento há mais de dez anos e houve essa correção logo no início do governo, mas é preciso mais. É preciso ter o entendimento de que para esses cientistas a bolsa é um salário profissional, não um auxílio como o Bolsa Família. São formados que estão se qualificando para produzir mais ciência, tecnologia e inovação.

“Não temos mais tempo para pensar no que queremos ser quando crescer. Não somos mais um país jovem”.

A recomposição do FNDCT e a execução orçamentária da Finep, estimada em 10 bilhões de reais, surtiram efeito?
HN: Na reunião do conselho do FNDCT deste mês ficou evidente que o governo conseguiu empenhar 100% dos recursos, e essa recuperação integral é uma vitória. Mas podemos melhorar. O comitê de coordenação do fundo e o MCTI levaram à equipe econômica do governo a proposta para a repartição de 35% para investimentos reembolsáveis e 65% para não reembolsáveis, mas não foi possível estabelecer essa divisão. É uma luta que continuará em 2024, pois ciência não é gasto, é investimento. É isso que as nações desenvolvidas praticam cada vez mais. Temos, hoje, um fundo como nunca tivemos antes, ele está descontingenciado, mas ainda é pouco se o Brasil quer de fato ser líder e estar entre os países que jogam bola no G-7. Estes investem pesado em ciência, tecnologia, inovação e educação.

Como travar essa discussão na sociedade?
HN:
Em 2024, acontecerá a V Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Também é extremamente importante a retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Ele é presidido pelo presidente da República, mas deixou de existir durante o desgoverno de Bolsonaro, que jamais reuniu o colegiado. Precisa haver essa reunião para que possamos levar nossas pautas como sociedade civil. Na conferência, temos de aproveitar o momento em que existe um diálogo importante entre a ciência, a sociedade civil e o empresariado. Não são todos os empresários que querem investir em ciência, mas aqueles que querem dialogam conosco.

O Brasil tem vantagem comparativa no setor de energia – Imagem: iStockphoto

De que forma o setor de ciência e tecnologia pode contribuir para a “neoindustrialização”?
HN: Não gosto do prefixo “neo”, mas sou favorável ao projeto. E o Brasil precisa entender que não existe um país que primeiro se industrializou para só depois investir em ciência ou cuidar da educação. Há a necessidade de se determinarem áreas, é preciso ver onde estão as maiores capacidades e onde dá para competir no mundo globalizado. Segurança alimentar e segurança hídrica, por exemplo, são duas áreas nas quais o Brasil é fronteira, mas é preciso investir, porque os outros países estão investindo. Sem ciência, o agronegócio brasileiro não vai andar para a frente porque o mundo estará de olho para saber se a gente desmatou para gerar aquele alimento ou qual quantidade de água usamos para aquela irrigação.

O governo fala em transição ecológica. A ciência brasileira está apta a responder às novas necessidades ambientais?
HN: O Brasil foi o primeiro país a ter uma fonte de energia renovável usada como combustível. Desenvolvemos, na fase de indústria, o álcool de segunda geração, assim como as fazendas solares e a energia eólica. Temos muitas coisas que valem a pena e devem continuar. Quantos ônibus e caminhões movidos com energias renováveis o Brasil tem? Toda vez que chego em São Paulo e vejo aquele pretume a sair dos canos de descarga, me pergunto onde está a tecnologia. Não adianta falar em bioeconomia sem olhar o ambiente e a comunidade no entorno. O Brasil é vanguarda, mas parece que, às vezes, se esquece disso. Assusta ver que entre as dez maiores empresas do Brasil está a Ambev, cinco ou seis bancos e algumas empresas do setor de saúde. Onde está a ciência? Chegamos a ter 34% do PIB dependente da indústria, e hoje é 11%. Não temos mais tempo para pensar no que queremos ser quando crescer. Não somos mais um país jovem. A população está envelhecendo e vai precisar de soluções, e os jovens têm de estar conectados ao século XXI, a educação tem de ser atual. Como a nossa sociedade estará daqui a dez anos?

Em 2023, o Brasil voltou a figurar entre as 50 economias mais inovadoras. O que contribuiu para o resultado?
HN: Em primeiro lugar, o trabalho de coletar dados, coisa que o Brasil não fazia da maneira correta, e um esforço por parte da Indústria de dialogar e entender como se faz o Global Innovation Index. O Brasil continua a ser reprovado pela d­­ificuldade de abrir ou fechar negócios e pela dificuldade de relação entre a universidade e a empresa. Embora tenhamos a Emenda Constitucional 85 e a Lei 13.243, nós na universidade somos reféns da interpretação de procuradores, o que impede que essa parceria vá em frente. Tudo isso influencia no ranking. Ou o País junta os três poderes para dizer “isso é relevante e nós vamos fazer” ou vai andar para trás.

“Os três poderes são relevantes se quisermos ter de fato uma ciência e uma economia pujantes”

As coisas não dependem só do Executivo.
HN: Temos de olhar também o Legislativo. Poderíamos estar com muito mais recursos se a Câmara não tivesse voltado as costas à ciência. Todos os ministérios que têm envolvimento com o tema estariam fora do chamado teto de gastos, isso foi aprovado no Senado, mas a Câmara derrubou, votou contra o próprio País. Foi triste, porque é muito pouco recurso, mas para a área teria um impacto muito grande. Os três poderes são relevantes se quisermos ter de fato uma ciência e uma economia pujantes. O Judiciário tem de seguir o que está escrito na lei, não pode haver uma interpretação para A e outra interpretação para B, é preciso regulamentação. E também um arcabouço de diálogo entre todas as unidades da federação.

O Brasil tem recuperado sua imagem em diversas frentes internacionais. Isso também aconteceu no mundo científico? Qual a avaliação sobre a participação brasileira na Cúpula do S-20 na Índia?
HN: Apesar de tudo que aconteceu nos últimos quatro anos, a comunidade acadêmico-científica continuou a acreditar na ciência brasileira. O S-20 não é um movimento de Estado, e é muito importante que esteja no fluxo da sociedade civil para que não se limite a discussão. Sem ouvir a sociedade civil fica difícil tomar rumos. Uma coisa é escrever um belo documento e outra é ele ser abraçado. O Brasil será sede do S-20 em 2024 e teremos eixos de discussão que vão do combate à pobreza à inteligência artificial. Vamos enviar aos países que integram o grupo textos com tudo aquilo que foi discutido nos grupos de trabalho temáticos da ABC. A ideia é que cada país faça um brainstorm em sua academia de ciências para que possamos chegar a um bom texto final.

A agricultura também precisa de ciência e tecnologia – Imagem: Rodolfo Perdigão/GOVMT

Energia está na agenda?
HN: Discutiremos quais os modelos de transição energética e como atingi-los, guardadas as diferenças entre os países. Na COP-28, o Brasil mostrou que quer fazer a defesa da floresta, que significa energia sustentável, mas também entrou para a Opep+. Não acho que o governo esteja errado, pois a transição, como o nome diz, não se resolve hoje, é algo que está em curso. Algumas coisas a gente pode fazer mais rápido, outras nem tanto, mas em nenhuma hipótese se deve esquecer da ciência. Se o Brasil for de fato explorar petróleo na Margem Equatorial, tem de olhar o que a ciência diz e quais os modelos a serem adotados. A ciência tem como ajudar.

Os cientistas estão entre os profissionais que gozam de maior credibilidade no País. Isso a surpreende?
HN: Fico lisonjeada. Estamos no caminho certo ao mostrar para a sociedade o valor da ciência. Agora temos de convencer uma parte da sociedade, pequena, mas que decide os investimentos. Para esses que colocaram a ciência como extremamente relevante, agradeço de verdade, mas digo também que prestem atenção quando forem votar para vereador, ­deputado e senador. Ao votar, veja bem se o que o seu candidato vai fazer é o que você quer para o Brasil. Eles vão decidir se a ciência vai ser importante para o desenvolvimento social sustentável do País.

Brasil sobe duas posições e é a 9ª economia do mundo, diz FMI

FMI calculou PIB nominal do país em US$ 2,13 trilhões em 2023; Estados Unidos, China e Alemanha seguem liderando o ranking

Com uma projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,1% em 2023, o Brasil subirá duas posições e ficará em 9º lugar no ranking de maiores economias do mundo FMI (Fundo Monetário Internacional).

O Fundo projeta que o PIB nominal do Brasil fechará 2023 em US$ 2,13 trilhões, ultrapassando por pouco o Canadá (US$ 2,12 trilhões). Em 2022, o Brasil estava em 11º lugar. Segundo o FMI, até 2026, o país pode subir para a 8ª posição, com um PIB estimado em US$ 2,476 trilhões.

Os dados são do relatório mais recentesdo World Economic Outlook (Perspectiva Econômica Mundial, na tradução), divulgado em outubro. Eis a íntegra do documento (PDF – 10 MB).

As projeções indicavam que a economia brasileira teria um crescimento de 3,1% em 2023, o que representa um aumento de 1 ponto percentual em relação às estimativas feitas em julho deste ano.

Em 2024, a previsão de crescimento é de 1,5%, ficando abaixo da estimativa da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que projeta uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no mesmo ano. Por outro lado, o Ministério da Fazenda estima um crescimento de 2,2%.

De acordo com o FMI, os Estados Unidos, a China e a Alemanha mantiveram suas posições como as maiores economias globais neste ano. Os PIBs estimados de 2023 foram de US$ 26,95 trilhões, US$ 17,7 trilhões e US$ 4,43 trilhões respectivamente.

Este ano, o órgão prevê uma desaceleração na economia mundial, com um crescimento de 3% em comparação com 3,5% em 2022. Para 2024, a estimativa do FMI é um crescimento global de 2,9%.

Confira o ranking das 20 maiores economias do mundo em 2023, segundo projeção do FMI:

Em seu perfil no X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou o resultado. “Vocês não sabem o trabalho que dá para ter tanta sorte…”, escreveu.

Morre Ennio Candotti, fundador do Museu da Amazônia 

A ICTP.br lamenta profundamente o falecimento de um gigante, o físico e professor Ennio Candotti. Ennio foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), por quatro mandatos. Atualmente, era diretor do Museu da Amazônia (Musa), instituição que fundou. 

O professor Ennio Candotti era um entusiasta da Ciência e, por seu trabalho de popularização do setor, foi homenageado com o prêmio Kalinga, pela Unesco. Trata-se do prêmio mais antigo da Unesco, datando de 1951, para pessoas ou entidades que, pelas contribuições significativas na popularização científica, “contribuíram para reduzir a distância entre a ciência e a sociedade”.

Nossos sentimentos a todos os familiares e amigos!

Um marco na história: 75 anos da Declaração dos Direitos Humanos

A Declaração dos Direitos Humanos é um marco na história e neste ano completa 75 anos. A Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações

A Declaração dos Direitos Humanos é um marco na história e neste ano completa 75 anos. A Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948. Representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões do mundo participaram da elaboração do documento que estabeleceu pela primeira vez na história a proteção universal dos direitos humanos. O documento estabelece os direitos e liberdades fundamentais de todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, religião, nacionalidade ou qualquer outra condição.

No programa Diálogos na USP, em 8/12, às 11h, Marcello Rollemberg e Luiz Roberto Serrano conversam com Paulo Sérgio Pinheiro, pesquisador do Núcleo de Estados da Violência (NEV), professor titular do Departamento de Ciência Política (aposentado) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, ambos da Universidade de São Paulo, e preside, desde 2011, a Comissão Independente Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) de investigação sobre a República Árabe da Síria, em Genebra.

MEC comemora 15 anos de Institutos Federais no país

Para marcar a data, foi criado o projeto multimídia ‘Institutos Federais, a cara do Brasil’, com relatos de pessoas que integraram essa história

Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) completam, neste mês, 15 anos de atividades no país. Criados em 29 de dezembro de 2008, pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, os IFs atuam em ensino, pesquisa e extensão.

Para celebrar este trabalho, o Ministério da Educação (MEC) realizou, nesta segunda-feira (4/12), uma cerimônia no auditório do Museu Nacional da República. Durante o evento, ainda aconteceu a exibição do documentário “Institutos Federais, a cara do Brasil”, para estrear a exposição fotográfica que leva o mesmo nome. E também foi lançado um selo postal personalizado dos Correios.

Projeto

Para marcar os 15 anos, o MEC, por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), desenvolveu o projeto multimídia “Institutos Federais, a cara do Brasil”. Nesta iniciativa, foram selecionadas 15 pessoas do país. Entre elas, professores, técnicos, estudantes e egressos dos IFs, convidadas a contar suas trajetórias e vivências nos Institutos Federais.

Essa interação resultou no documentário e na exposição de fotos, que narram a atuação dessas pessoas nos IFs, além de destacarem a relevância educativo-social dos Institutos para as regiões onde estão inseridos.

História

Em 1909, foram criadas 19 escolas de Aprendizes e Artífices, ligadas à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. E em 2008, foram criados os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, no atual modelo.

No Brasil

Atualmente, os Institutos Federais (IFs) contam com 600 campi, em todas as regiões do país.
Os institutos oferecem cursos de qualificação profissional, técnicos, graduação e pós-graduação, atingindo mais de 1 milhão de jovens e adultos.
Mais informações sobre os IFs.