Em Audiência Pública, mudanças na Educação são necessárias para o brasileiro entender mais a importância da Ciência

A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados realizou Audiência Pública na segunda-feira, 8 de novembro de 2021, sobre a “Percepção da sociedade acerca da importância da ciência para o País”.  No debate, ficou claro que a maioria dos brasileiros acredita na importância da Ciência para o desenvolvimento do país. Entretanto, o conhecimento que têm a respeito do tema ainda é muito difuso. O fato é que isso dificulta na percepção dos benefícios que a Ciência pode trazer à sociedade. 

Uma pesquisa realizada pela multinacional 3M neste ano mostrou que 92% dos brasileiros acreditam que o mundo precisa de mais pessoas nas carreiras de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. 78% estão sendo inspirados por médicos e cientistas. 94% das pessoas entendem que investir na Ciência torna o país mais forte. 

92% dos brasileiros acreditam que a Ciência está trazendo esperança ao mundo. A média mundial é de 89%. 

O encontro foi proposto pelo deputado Vitor Lippi (PSDB-SP) e subscrito pela deputada Ângela Amin (PP/SC) e Nilto Tatto (PT/SP).  Durante a Audiência, o deputado Lippi comentou a ligação entre pesquisa científica e desenvolvimento nacional. 

“Quando nós falamos aqui de Ciência, Tecnologia e Inovação, nós estamos falando de novos medicamentos, de novos sistemas que possam melhorar os serviços públicos, a gestão dos nossos hospitais, nós estamos falando aqui de equipamentos de saúde, tecnologia social. Nós estamos falando aqui de produtividade do nosso país, portanto nós estamos falando de empregos no nosso país.” 

A presidente substituta do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Maria Zaíra Turchi, afirmou, a partir de dados do Centro de Gestão e Estudo Estratégicos (CGEE), que apesar da esperança que os brasileiros têm na Ciência, o conhecimento sobre o tema ainda é muito difuso. 

“Ninguém é capaz de citar um cientista ou mesmo de compreender do ponto de vista prático o que é o resultado da ciência para o impacto na sociedade, para o desenvolvimento da sociedade, para a cura das pessoas. Não há uma clareza nesse sentido. Há uma diminuição de visitas a feiras de ciências, parques ambientais, bibliotecas, mesmo antes da pandemia”, ressaltou. 

A pesquisa, feita em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), apontou que somente 6% dos entrevistados se lembram do nome de algum cientista brasileiro e apenas 12% do nome de instituições de pesquisa. 

Turchi ressaltou que é preciso pensar na Educação Básica, para formar crianças já com uma percepção mais clara sobre a importância da Ciência e como ela trabalha. Na Audiência Pública, ela defendeu que desde cedo os alunos possam “colocar a mão na massa”, experimentar o método científico. 

Também atuante nas lutas em prol da Ciência, o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, fez uma dura crítica ao negacionismo e às atitudes anticientíficas, e deu um exemplo da aplicação prática da Ciência. 

“Eu sei que a proporção dos brasileiros que acreditam que a terra seja plana é pequena, mas é evidente que você não pode usar um GPS se a terra fosse plana. O GPS é a prova tecnológica da descoberta científica da esfericidade do planeta”, destacou. 

O sistema de GPS americano utiliza 24 satélites, justamente por causa do formato do planeta. Se a terra fosse plana, seria possível fazer o cálculo da localização com apenas três satélites. 

O financiamento da Ciência e Tecnologia foi outro ponto considerado central por participantes do debate. Ex-ministro da pasta, Celso Pansera, que é também o atual secretário executivo da Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br), afirmou que houve avanço no investimento do setor, com a aprovação, no fim do ano passado, da lei que proíbe o contingenciamento dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) – a Lei Complementar 177/21. Ele propôs, porém, novas ações, como a análise de proposta apresentada por ele quando era deputado, que destina 25% do Fundo Social do pré-sal para programas e projetos na área de Ciência e Tecnologia (PL 5876/16). 

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